Ver um pet destruindo móveis, roendo portas, arranhando paredes ou espalhando objetos pela casa pode ser frustrante — mas o mais importante é entender que, para eles, esses comportamentos são uma forma de comunicação. Cães e gatos não fazem “bagunça” por maldade: frequentemente, estão tentando lidar com emoções como ansiedade, tédio ou frustração.
Neste artigo, você vai aprender a identificar a origem desses comportamentos e aplicar estratégias práticas e seguras para evitar que seu pet transforme o estresse em destruição.
1. O que é frustração em pets?
Frustração acontece quando o animal quer algo e não consegue — seja atenção, estímulo, comida, movimento ou conforto. Essa emoção pode surgir em situações como:
- Ficar sozinho por muitas horas
- Não conseguir alcançar brinquedos ou alimentos
- Receber ordens sem entender o que se espera
- Ter excesso de energia acumulada
- Falta de interação ou estímulo mental
Pets frustrados tentam aliviar a tensão roendo, arranhando, cavando ou latindo/miauando excessivamente.
2. Comportamentos destrutivos mais comuns
Em cães:
- Roer móveis, portas, chinelos
- Rasgar almofadas ou roupas
- Cavucar tapetes ou sofá
- Latir por longos períodos
Em gatos:
- Arranhar móveis mesmo com arranhador disponível
- Derrubar objetos das prateleiras
- Morder ou atacar almofadas
- Miados insistentes e fora de contexto
Todos esses comportamentos são sintomas — não o problema em si.
3. Evite a punição: ela aumenta a frustração
É tentador brigar com o pet ao ver algo destruído. No entanto, a punição (especialmente a posterior) não resolve a causa e pode agravar o problema, gerando medo, confusão e ainda mais frustração.
O ideal é:
- Ignorar o comportamento no momento em que ocorrer (se seguro)
- Redirecionar para um comportamento aceitável (brinquedo, comando)
- Recompensar atitudes positivas com carinho ou petisco
Educar não é punir — é orientar e construir alternativas.
4. Gaste energia física e mental diariamente
Grande parte dos comportamentos destrutivos vem do excesso de energia acumulada. Cães e gatos precisam de atividade física e mental todos os dias, mesmo dentro de casa.
Para cães:
- Passeios diários com estímulo de farejar
- Comandos e truques simples com petiscos
- Brincadeiras de buscar ou puxar
Para gatos:
- Sessões com varinhas e brinquedos de caça
- Prateleiras e nichos para explorar
- Brinquedos que exigem esforço para pegar a comida
Corpo e mente ativos = menos espaço para frustração.
5. Crie previsibilidade com rotinas claras
Pets que não sabem quando vão comer, brincar ou receber atenção vivem em constante estado de alerta. Estabelecer uma rotina previsível reduz a ansiedade.
Tente seguir horários regulares para:
- Alimentação
- Brincadeiras
- Interações afetivas
- Períodos de descanso
Uma rotina estruturada ajuda o pet a entender o que esperar do ambiente — e isso acalma.
6. Enriquecimento ambiental: transforme o tédio em curiosidade
Ambientes pobres, sem variação ou estímulos, favorecem o tédio e o comportamento destrutivo. Use o enriquecimento ambiental como aliado.
Exemplos simples:
- Brinquedos que escondem petiscos
- Túnel ou caixa de papelão com texturas
- Rotação de brinquedos a cada dois dias
- Corda com nós ou tapetes interativos
Ambientes ricos tornam o dia mais interessante — e reduzem drasticamente a frustração.
7. Estimule a autonomia e o autocontrole
Ensinar o pet a esperar, se acalmar e lidar com pequenas frustrações é possível — e extremamente benéfico.
Dicas práticas:
- Ensine comandos como “espera”, “fica” e “senta” com reforço positivo
- Recompense a calma em vez da euforia
- Ofereça brinquedos que exijam esforço gradual (como os recheáveis)
- Evite suprir tudo de imediato (como atender ao primeiro latido ou miado)
Ao aprender que a espera é segura e que nem tudo é imediato, o pet desenvolve resiliência emocional.
8. Mantenha o ambiente seguro e controlado
Prevenir acessos a objetos perigosos ou tentadores evita acidentes e frustrações desnecessárias.
- Guarde sapatos e objetos de valor fora do alcance
- Proteja móveis com mantas ou capas temporárias
- Feche portas de cômodos restritos
- Use portõezinhos para delimitar áreas
Ambientes controlados reduzem a tentação e facilitam o aprendizado de limites saudáveis.
9. Minha experiência pessoal: a transformação do Fred
O Fred, meu cachorro, costumava destruir as almofadas da sala toda vez que eu saía. Tentei deixar brinquedos, mas nada resolvia. Até que percebi que o problema era mais profundo: ele ficava frustrado com minha ausência e sem saber o que fazer com aquela energia.
Comecei a passear com ele antes de sair, deixava um brinquedo recheado com petiscos congelados e tirava as almofadas do alcance. Também evitei fazer festa na hora de sair. Em poucas semanas, ele parou de destruir tudo.
Hoje, quando me vê pegando as chaves, vai direto para o brinquedo e relaxa. A frustração foi substituída por expectativa positiva.
10. Conclusão
Comportamentos destrutivos por frustração são um sinal claro de que o pet precisa de ajuda — não de punição. Cabe ao tutor observar, entender a origem da frustração e oferecer alternativas saudáveis para que o animal se sinta seguro, estimulado e acolhido.
Através de rotina, enriquecimento ambiental, atenção equilibrada e reforço positivo, é possível transformar o estresse em equilíbrio. Seu pet agradece — e sua casa também.